Ficar alguns dias sem falar, junto com outras pessoas. Tomar café da manhã, almoçar, jantar sem conversar com o objetivo de silenciar os cinco sentidos e conhecer-se melhor. Podemos chamar de retiro espiritual. Retirar-se do ambiente já conhecido, seu trabalho, sua casa e ir para um lugar novo e praticar o silêncio.
Num final de semana recente, participei de um grupo assim. O local escolhido foi a casa de retiros Madre Thereza em Viamão. Uma congregação de irmãs com origem na Alemanha. Um lugar com natureza barulhenta, ou seja, muitos pássaros e outros animais se expressando.
O desafio e o benefício como conseqüência, é aquietar-se. Não falando. Falando somente consigo, lendo e revisando sua vida e até estabelecendo novos objetivos. Você já percebeu que a pessoa com quem nos mais falamos, somos nós mesmos. Estamos sempre tagarelando. E eu exterior com o eu interior.
Após o meio-dia o sujeito foi tirar uma soneca. Tinha um compromisso às catorze horas. Quando acordou, quis se levantar e seu outro eu disse: fica mais um pouco, você não precisa sempre chegar na hora. E prontamente a resposta: Está na hora, você precisa ir, estão lhe esperando. E nesta discussão o tempo passava. O sujeito interveio e disse a si: Enquanto vocês dois discutem, vou dormir mais um pouco.
Só para reforçar que esta conversa interna é forte, intensa e continua. Da mesma forma é o apelo aos nossos cinco sentidos. Visão, tato, paladar, audição e cheiro. E sabemos que não podemos confiar totalmente nestes sentidos. A visão nos engana com freqüência.
Portanto, retirar-se é atitude para desenvolver seu eu interior. É desenvolver a intuição, a técnica de meditação e como conseqüência, tornar-se interiormente mais forte.
A atitude é ter coragem de trabalhar em si.
Obviamente que a atitude de desenvolver uma visão tubular (tubo = Maior peça da televisão) é muito mais fácil. Ver notícias, filmes, novelas é atitude passiva.
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